sexta-feira, 8 de abril de 2011

Matar aula ou não matar aula.



 Boa noite. Ensino fundamental completo, ensino médio quase terminado, e eu NUNCA matei aula. Matar aula pode ser entendido de diversas formas, pode ser: Dizer pra mãe que não quer ir pra escola e continuar a dormir, pode ser ficar em casa e dizer pro pai que perdeu hora, mas o que eu considero MATAR AULA de verdade é enganar todos e APROVEITAR o tempo que você não está na escola para FUN FUN FUN.



 Hoje, dia de festa duro, eu não estava com cabeça para ir pro curso preparatório, e de última hora eu resolvi dar um ROLÊ pela cidade durante o período de aula. Muita gente pode considerar falta de responsabilidade e pode querer criticar, mas cara, se você nunca matou aula você não sabe qual é a sensação. Dei um beijo na minha mãe e disse que estava indo pro ponto de ônibus, passei na padaria comprei salgadinho e um refri. Sai andando com a máquina fotográfica na mochila. Primeiro passei no meu tio, que fazia muito tempo que não o via, conversei com ele, troquei idéia com a minha prima e meu primo, de lá eu resolvi passar na pista de skate daqui de Cosmópolis, um camarada meu ia estar por lá.



Cheguei na pista e encontrei meu camarada, Josué, por lá. Ficamos trocando idéias até a galera começar a sumir da pista. Tirei uma foto bem FODA da lua, pegamos as coisas e partimos para a banca de cachorro quente. Foi aquele rango delícia, TODOS COME. De lá a gente caminhou umas 17 quadras até a casa dele pra ele guardar o skate e a bicicleta. Eu ainda tinha dinheiro, resolvemos passar no posto perto do shoopping e comprar GLICOSE em forma de CHOCOLATE. Já a base de CACAU nós atravessamos toda o centro e chegamos num bairro bem sinistro pra buscar outro amigo nosso, Brunno. A visão da rua do Brunno era mais ou menos assim: VAGABUNDAS batendo ponto na esquina de cima, CAFETÕES vigiando as PUTAS pela esquina de baixo, e das sombras eis que surge uma mulher, provavelmente louca de ROCHA, estalando os olhos. Essa mulher vem pra cima de mim falando e cuspindo ao mesmo tempo, instantaneamente eu e o Josué começamos a nos afastar até ela chegar no ponto que ela queria: -Filho, você tem uns trocados pra mim ? Mas não é pra comprar droga não, não é pra comprar droga não, é que eu tenho doença AIDS sabe, e eu preciso comer alguma coisa, mas eu não sou ruim não, o pessoal gosta de mim porque eu NÃO roubo as lojas, se eu vejo alguém roubando eu falo pra dona da loja...



 Pode até ser preconceito, mas eu tirei um punhado de moedas do bolso joguei na mão dela e tentei me afastar a maior distancia possível, não necessariamente por ela portar o tal vírus, ou não portar, mas porque a mulher estava TOTALMENTE suja. com uns três dentes na boca, cuspia uma TORRENTE de saliva enquanto falava, e tinha um cheiro TERRIVELMENTE RUIM. A mulher pegou as moedas, agradeceu, deu uma SAMBADA ÉPICA na nossa frente e saiu fora, nisso o Brunno já estava lá fora pronto para o rolê.



 Andamos até a Farmácia para pôr créditos no celular da CORÔA do Brunno. Rumamos então para a Praça do Rodrigo, até agora não sei diabos pra quê, e eu encontrei o amiguinho Meh sentado no mesmo banco que a amiga Mariana. De longe eu não consegui avistar se havia contato entre os dois. Bolamos um outro plano de rolê e fomos até a Praça da Matriz. Encontrei com vários colegas meus que passaram por lá durante a noite. O relógio então marcou onze e meia e ai cada um resolveu pegar seu rumo pra casa.



 Valeu a pena ter matado aula pra ter feito só isso ? É mais complicado que isso. Valeu a pena ter matado aula, por exemplo, pra ter ficado deitado na rampa da pista de skate a noite olhando o céu e a lua, trocando idéias com o Josué sobre skate e sobre manobras. Valeu a pena ter ficado em Cosmópolis pra conversar sobre família, sobre namoradas, e sobre bigodes com alguém da minha idade, e que é mais um dentre poucos que demonstra amizade. Valeu a pena pelas risadas e pela sensação de liberdade, pelo cachorro quente e pelos chocolates. Cara, é praticamente indescritível a sensação, e para quem nunca experimentou matar aula, não morra sem experimentar.

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